Entrevista a José Rodrigues

Depois de Itamar Vieira Junior, regressamos à rubrica entrevistas com José Rodrigues, que acaba de editar o livro “O Tempo nos Teus Olhos".
Aproveito para agradecer ao José Rodrigues a simpatia e disponiblidade com que respondeu às minhas perguntas.

HT: Apesar de ter formação na área de Gestão e trabalhar como consultor, já vai no terceiro romance. Como é que surgiu este gosto pela escrita?

O gosto pela escrita é antigo, desde muito novo que escrevo sobre tudo o que me passa pela cabeça.  A minha vida profissional está rodeada de números, mas nunca esqueço que atrás dos números estão pessoas, sempre pessoas. Na nossa sociedade vemos constantemente, em vários sectores, os números substituírem pessoas. O “Joaquim” transforma-se no 49, a “Maria” no 38, ou o “António” no 89. Acontece que não é possível transformarmos emoções em números ou numerar a intensidade de um sentimento. De certa forma, o que escrevo, serve para refletir acerca da vertente humana da qual não fazem parte os números, do canto que existe dentro de cada um de nós, do que sentimos, do que nos faz rir e chorar, de tudo aquilo que são as condições para nos tornar mais felizes.

HT: Fale-nos um bocadinho deste seu último livro, “O Tempo nos Teus Olhos”.

É um romance que procura juntar as emoções mais simples que um ser humano pode ter e a importância que elas têm na nossa felicidade. Esta, que procuramos ao longo da vida, nem sempre aparece de forma complexa ou programada. Muitas vezes aparece quando menos contamos, numa das suas múltiplas formas de felicidade. E pode acontecer em simultâneo com um fenómeno importante de perda. No caso, Manuel, o personagem principal. Septuagenário e prestes a comemorar as bodas de ouro, perde a sua companheira de forma trágica. Mesmo assim, nem isso o impediu de continuar a procurar a felicidade, nem que para isso se afaste do socialmente correto, dos padrões instituídos ou das regras pré-estabelecidas. É uma odisseia, onde a solidão, a perda, a amizade e a família e claro, também o amor, se juntam e fazem com que se cruzem uma série de personagens de diferentes idades e profissões. 

HT: Presumo que goste de ler. Em caso afirmativo, quais as suas referências literárias? 

As minhas referências literárias são bastante viradas para o campo da poesia. Gosto de Mário Quintana, Cecília Meireles, Manoel Bandeira, Camões e Fernando Pessoa. 

HT: O que acha do actual panorama literário português?

Há claramente uma aposta nos novos talentos da literatura portuguesa. A minha Editora – Coolbooks, da Porto Editora, surge como uma lufada de ar fresco para a qualidade que existe nos jovens autores portugueses. Facilmente conseguimos encontrar muita qualidade, a meu ver, no nosso quotidiano literário. Conheço muitos e bons jovens talentos em Portugal.

HT: Para terminar, e uma vez que as suas obras foram lançadas com poucos meses de diferença, já está a trabalhar num novo livro? Se sim, pode levantar uma pontinha do véu?

Depois de um livro de memórias (“Boas memórias de um mau estudante”- edição de autor ), que dediquei aos amigos com quem partilhei histórias da vida universitária, como estudante trabalhador que sempre fui, os três romances que se seguiram foram escritos em três anos, um por cada ano. Já tenho o novo livro na cabeça, que será algo diferente, mas ainda muito na fase de reflexão, apenas ainda na cabeça.

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