Entrevista a Itamar Vieira Junior

Depois de alguns meses de ausência a rubrica "Entrevistas" está de volta.
Podemos afirmar que é um regresso em grande, uma vez que o nosso convidao é Itamar Vieira Junior, vencedor da edição 2018 do Prémio Leya.
Vamos ficar a conhecer um bocadinho melhor este autor, a quem agradeço desde já a disponibilidade e simpatia com que respondeu às minhas perguntas.


HT: Em primeiro lugar, para esclarecer os leitores portugueses, quem é Itamar Vieira Junior e como é que surgiu a escrita na sua vida?

Itamar Vieira Junior é um leitor, antes de mais nada. Lê literatura, ciência e filosofia. Lê o mundo e a vida. Talvez por isso escreva. 
A escrita surgiu em minha vida quando aprendi a ler. Lembro-me de, ainda criança, escrever textos de teatro para interpretá-los entre os colegas da escola. Desde então, nunca passei muito tempo sem escrever.


HT: Acaba de ganhar o prémio Leya com o seu romance Torto Arado. Pode falar-nos um bocadinho deste livro?

Torto Arado é um romance de formação, na tradição do “Bildungsroman”. Narra a história de duas irmãs, Bibiana e Belonísia, que vivem cativas, como outros trabalhadores, numa fazenda do interior do Brasil. Um acidente tornará as duas inseparáveis a tal ponto que não sabemos quando uma vida começa e a outra termina. Elas narram a história de três décadas de suas vidas na Fazenda Água Negra, e tudo mais que não tenha escapado à memória de seus pais: desde a injustiça advinda da servidão a que estavam submetidas, e por consequência as lembranças da escravidão, até os encantos da magia praticada pelo pai, e os conflitos por terra, que podem levá-las a transgredir as condições de vida que lhes foram impostas. É uma história de segredos, vida e morte, luta e redenção de personagens que atravessaram o tempo sem serem conhecidos


HT: Que importância tem este prémio na sua carreira?

O Prémio LeYa é o maior prémio literário para uma obra inédita em língua portuguesa. É um prémio que leva o vencedor aos grandes eventos literários dos países lusófonos e ibérico. O livro é publicado por uma das maiores editoras do mundo. Sem dúvidas, pode impulsionar a carreira de qualquer escritor.


HT: Gosta de ler? Em caso afirmativo, quais os seus escritores de referência?

Ler é minha grande paixão. Escrever é consequência desta paixão. 
Tenho muitos escritores de referência que elevaram a  literatura em língua portuguesa ao longo do século: Machado de Assis, Eça de Queirós, Clarice Lispector, Jorge Amado, José Saramago, Carlos Drummond de Andrade e Maria Teresa Horta. 
Há muitos escritores, que escrevem em outras línguas, que também são referências: Toni Morrison, Junichiro Tanizaki, Amós Oz, Dostoievski e Tolstoi, só para citar alguns.


HT: Para terminar, já pensa num novo livro?

Penso. É um projeto que demandou pesquisa e que já deveria estar iniciado, mas as dificuldades que vivemos hoje no país, principalmente com a atual eleição presidencial  - e no meu caso também o Prémio LeYa e a indicação ao Jabuti – fizeram com que adiasse um pouco a escrita desse novo trabalho.

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