Nobel da Literatura 2016, algumas opiniões #4

Hoje terminamos os posts de opiniões à atribuição do Nobel da Literatura a Bob Dylan.
O meu sincero agradecimento a todos os que participaram nesta iniciativa.

Isabel Stilwell
"Gosto tanto de decisões fora da caixa. Decisões que nos tomam de surpresa, quando já tão pouca coisa nos surpreende. E nos fazem parar e pensar "Que pinta! Não tem de ser tudo previsível e há outra maneira de olhar para isto". Para o Prémio Nobel da Literatura, neste caso. As letras de Bob Dylan são espantosas, contam-nos histórias, comovem-nos, envolvem-nos e transformam-nos. O que é isso senão literatura?"

João Cerqueira
"Estourou espanto no mundo dos livros quando o prémio Nobel da Literatura foi atribuído ao cantor Bob Dylan. A começar pelo próprio, ninguém esperava semelhante decisão. Lobo Antunes – que se considera o maior génio da literatura de todos os tempos - deve ter ficado, novamente, desiludido. Não foi o único. Eu – que igualmente me considero outro génio da literatura, a seguir a Lobo Antunes como é óbvio – também fiquei. E pela seguinte razão: Dylan é um extraordinário cantor e um grande poeta e seria merecedor de qualquer prémio que distinguisse uma figura notável da cultura ou, por exemplo, das artes e letras. Mas não produziu obra literária que justifique um Nobel da Literatura. Escritores americanos como Phillip Roth, Cormack McCarthy e Paul Auster (de quem está na moda dizer mal) deixaram um legado muito mais importante do que Bob Dylan. E escritores portugueses (não vale a pena mencionar o maior génio de todos os tempos) como Mário de Carvalho ou Mário Cláudio são igualmente mais merecedores do prémio.
O comité Nobel, como se atacado por uma espécie de sinestesia que confunde sensações auditivas com visuais, parece estar a baralhar a música com a literatura (e desafio o maior génio da literatura a escrever um parágrafo deste quilate). O Nobel de Dylan é assim tão absurdo como, se por hipótese ainda mais absurda, José Saramago tivesse recebido, não o prémio Nobel da Literatura, mas um Grammy pelos seus dotes no cante alentejano.
Conclusão: espero que o comité de sábios que atribui os Nobel da Literatura ganhe juízo e, sobretudo, preste mais atenção aos escritores portugueses pois há por cá um grande génio e um segundo grande génio que bem mereciam a distinção. E digo mais, se o objectivo é chocar a comunidade literária, fazê-los pensar se não terão feito uma rave party enquanto decidiam o vencedor ou se não terão mesmo enlouquecido por excesso de leituras, se o objectivo é mesmo esse, então, para acabar de vez com os prémios Nobel, a cultura e o que resta da reputação do pais de Camões, ganhem coragem ilustres sábio do Nobel, acendam o rastilho, e, já no próximo ano, atribuam o prémio ao segundo maior génio da literatura que mora em Viana do Castelo.
Não sei cantar, é verdade, mas cozinho muito melhor do que o Bob Dylan."

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