«Sempre mais alto - Maria Lamas» | 120 anos do nascimento | 6 outubro

«SEMPRE MAIS ALTO - MARIA LAMAS», exposição comemorativa dos 120 anos do nascimento da escritora torrejana, é uma tentativa de reaproximação de Maria Lamas aos seus conterrâneos, através da afinidade com os objetos do seu quotidiano, com as fotografias de família – tão iguais às das nossas casas – e com os seus livros, onde se descobrem dedicatórias escritas à mão, assinadas pela Mãezinha, pela Avó Maria ou, simplesmente, por Maria Lamas.

Maria Lamas, 1893-1983 (nota biográfica)
Maria Lamas nasceu em Torres Novas, no dia 6 de outubro de 1893. Com 25 anos, divorciada, partia para Lisboa com duas filhas a seu cargo. Para sustentar a família começou a trabalhar como redatora de uma agência noticiosa. Pode dizer-se que aprendeu a trabalhar “na escrita”, tendo-se tornado jornalista, escritora, tradutora e editora. Na capital, redescobriu-se (fez amizades, casou novamente e teve outra filha) e cresceu profissionalmente.
Entre outros projetos, criou revistas infantis e dirigiu a Modas e Bordados (entre 1928 e 1947), revolucionando a linha editorial da revista ao transformá-la num espaço para "escutar" as mulheres, num movimento silencioso e subtil de transformação das portuguesas. Em 1947, empreendeu uma grande viagem pelo país em busca das suas «irmãs portuguesas»: a edição do retrato social As mulheres do meu país (1948-50) foi a sua resposta à indiferença do governo em relação à condição feminina e à extinção do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, que presidiu entre 1945 e 1947.
Assistindo às duas guerras mundiais e ao desespero do espectro de um conflito nuclear, nos anos 50, assumiu a militância pela Paz: proferiu conferências, esteve na fundação da Comissão Nacional para a Defesa da Paz e foi membro do Conselho Mundial da Paz (CMP), o que lhe abriu as portas para a participação em diversos congressos no estrangeiro.
Devido à sua intensa atividade cívica e política, foi várias vezes presa pela PIDE, tendo-se refugiado na Madeira (nos anos 50) e, depois, em Paris (1962-1969). No exílio, recebia portugueses de todos os quadrantes sociais (intelectuais, artistas, políticos e emigrantes económicos), mantendo uma vasta rede de amigos, que eram também os companheiros da luta contra ditadura.
Tinha 80 anos quando se deu a «revolução dos cravos». Viveu intensamente o momento, como vivera, aliás, toda a sua vida. Sentia-se jovem e capaz de fazer parte de um novo futuro democrático, livre.
Maria Lamas morreu no dia 6 de dezembro de 1983, deixando o legado intemporal do seu modo fraterno de estar entre os seus que, na realidade, eram todos os cidadãos.


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